Efeito de sistemas de manejo nos indicadores químicos de qualidade do solo
CARVALHO, J. E. B. de MELO FILHO, J. F. de NASCIMENTO, P. dos S. DIAS, C. B. INTRODUÇÃO
Os indicadores de qualidade do solo formam um conjunto de dados mínimos que são utilizados para avaliar o comportamento das principais funções do solo (KARLEN et al. 2003). Um bom indicador deve integrar processos e propriedades físicas, químicas e/ou biológicas do solo, ser acessível aos diferentes usuários e aplicável em diversas condições de campo e ser sensível às variações do manejo e clima (DORAN e PARKIN, 1994). Dentre os indicadores químicos do solo destacam-se a matéria orgânica (M.O); a capacidade de troca de cátions (CTC); o pH; a saturação por alumínio (m%) e saturação de bases (V%). CONCEIÇÃO et al. (2005) consideram a matéria orgânica como um eficiente indicador para discriminar a qualidade do solo induzida por sistemas de manejo, sendo ainda fonte primária de nutrientes às plantas, influenciando na infiltração, retenção de água e susceptibilidade à erosão (GREGORICH et al., 1994). A CTC é de grande importância no que diz respeito à fertilidade do solo, uma vez que indica a capacidade total de retenção de cátions, os quais, em geral, irão tornar-se disponíveis às plantas (CHAVES et al., 2004). Normalmente os sistemas de manejo alteram esses indicadores, cuja magnitude depende da intensidade e do tipo de uso do solo. Este trabalho tem como objetivo avaliar alterações nos indicadores químicos de qualidade do solo, em quatro sistemas de manejo para a cultura dos citros.
MATERIAL E MÉTODOS
As avaliações foram realizadas no período de 2004 a 2006, em um agroecossistema de cultivo de citros, com seis anos de idade, localizado no município de Cruz das Almas - BA em um Latossolo Amarelo Coeso, cultivado com laranja ‘Pêra’, (Citrus sinensis L. Osbeck). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos inteiramente casualizados, com quatro repetições e quatro tratamentos. Os tratamentos foram dispostos em um esquema fatorial 4 x 3, representado por quatro sistemas de manejo e três profundidades de amostragem (0-0,3, 0,3-0,6 e 0,6-0,9 m). Os sistemas estudados foram: Convencional (C) - aração, gradagem, abertura manual de covas e plantio das mudas cítricas com controle mecânico do mato composto de: C1) quatro capinas nas linhas por ano; e C2) quatro gradagens nas entrelinhas dos citros e Proposto (P) - subsolagem cruzada um ano antes do plantio a uma profundidade média de 0,55m, plantio direto, a lanço, do feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) como cultura de espera e formação de palhada, e plantio das mudas cítricas diretamente na palhada. O controle integrado de plantas infestantes foi realizado: P1) dessecando-se o mato nas linhas da cultura com glifosato na dose de 1,0% v/v; e P2) nas ruas plantio direto da planta de cobertura do solo (feijão-de-porco) em abril/maio e roçagem setembro/outubro. A determinação dos indicadores químicos de qualidade do solo pH, capacidade de troca de cátions (CTC), saturação de bases (V%), matéria orgânica (M.O.) e saturações por alumínio (m%) foi realizada no Laboratório de Solos e Nutrição de Plantas da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical (EMBRAPA, 1997).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O pH do solo no sistema de manejo com cobertura vegetal (P2) diferiu significativamente do tratamento com capinas manuais (C1) na profundidade de 0,0-0,3 m, apresentando um caráter mais ácido (pH = 5,1) provavelmente devido aos ácidos provenientes da decomposição da matéria orgânica do solo. Com relação à saturação por alumínio, os valores verificados nas amostras de solo foram baixos e crescentes em profundidade, diferindo apenas na camada de 0,6–0,9 m, com os menores percentuais para os sistemas propostos P1 e P2. Os valores de matéria orgânica observados foram baixos e decrescentes em profundidade, diferindo para o sistema proposto na entrelinha (P2) da linha (P1). Tal fato pode ser explicado pelo uso da leguminosa feijão-de-porco, na entrelinha dos citros, como cobertura vegetal, favorecendo a melhoria dos percentuais de matéria orgânica no solo e ressaltando a sensibilidade desse indicador de qualidade para medir o efeito dos sistemas de manejo (CONCEIÇÃO et al., 2005). De acordo com os valores médios encontrados, referente a CTC do solo, foi possível observar que houve uma diferença significativa para o sistema proposto na entrelinha (P2) em relação aos convencionais C1 e C2, possivelmente devido ao teor de matéria orgânica maior no P2, pois a fração orgânica é responsável, na média, pela maior parte da CTC desses solos. Para a profundidade de 0,0–0,3 m o sistema proposto apresentou um incremento, na CTC do solo, de 21,7% na linha de plantio da cultura e 28,6% na entrelinha, quando comparado aos manejos convencionais C1 e C2 respectivamente. Não houve diferenças nos percentuais de saturação de bases no solo em função dos tratamentos e profundidades estudadas, revelando a baixa contribuição da fração mineral na composição e variação da CTC desse solo.
CONCLUSÕES
A exceção da saturação por bases todos os indicadores químicos foram significativamente alterados pelos sistemas de manejo estudados. O pH, a matéria orgânica e a CTC do solo foram mais afetados na profundidade de 0-0,3 m e a saturação por alumínio na profundidade de 0,6-0,9m.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHAVES L. H. G.; TITO G. A.; CHAVES I. B.; LUNA J. G. & SILVA P. C. M. Propriedades químicas do solo aluvial da Ilha de Assunção – Cabrobó (Pernambuco). Revista Brasileira de Ciência do Solo, 28:431-437, Viçosa. maio/jun. 2004. CONCEIÇÃO P. C.; AMADO T. J. C.; MIELNICZUK J. & SPAGNOLLO E. Qualidade do solo em sistemas de manejo avaliada pela dinâmica da matéria orgânica e atributos relacionados. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 29:777-788, Viçosa. Set./out. 2005. DORAN, J.W. & PARKIN, T.B. Defining and assessing soil quality. In: DORAN, J.W.; COLEMAN, D.C.; BEZDICEK, D.F. & STEWART, B.A. eds. Defining soil quality for a sustainable environment. Madison, Soil Science Society of America, 1994. p.3-22. (Publication Number, 35) EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Manual de métodos de análise de solo. Rio de Janeiro, RJ: 1997. 212p. GREGORICH, E.G.; CARTER, M.R.; ANGERS, D.A.; MONREAL, C.M. & ELLERT, B.H. Towards a minimum data set to assess soil organic matter quality in agricultural soils. Canadian Journal of Soil Science, 74:367-375, 1994. ISLAM, K.R. & WEIL, R.R. Soil quality indicator properties in mid-atlantic soils as influenced by conservation management. J. Soil Water Conservation., 55:69-78, 2000. KARLEN, D. L.; DITZLER, C. A.. & ANDREWS, S. S. Soil quality: Why ande how? Geoderma. 14:145-156, 2003.
CARVALHO, J. E. B. de - Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.
Contato:
jeduardo@cnpmf.embrapa.br
Contato:
raadias@yahoo.com.br
MELO FILHO, J. F. de
- Escola
de Agronomia – UFRB/UFBA, Cruz das Almas, BA.
NASCIMENTO, P. dos S.
- Escola de
Agronomia - UFRB/UFBA. Bolsista PIBIC/CNPq. DIAS, C. B. - Escola de Agronomia - UFRB/UFBA. Bolsista PIBIC/CNPq.
Dados para citação bibliográfica(ABNT): CARVALHO, J. E. B. de; DIAS, R. C. dos S.; MELO FILHO, J. F. de; NASCIMENTO, P. dos S.; DIAS, C. B. Efeito de sistemas de manejo nos indicadores químicos de qualidade do solo. 2007. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2007_2/Indicadores/index.htm>. Acesso em: Publicado no Infobibos em 10/06/2007 |