Parceria entre FCA e Fundação MT auxilia o combate à ferrugem da soja

por Ulisses Rocha Antuniassi

Uma parceria entre a Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp (FCA) e a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) tem colaborado para desenvolver tecnologias de controle da ferrugem da soja, doença que, nos últimos anos, vem provocando grandes prejuízos aos produtores brasileiros do setor.

A ferrugem da soja, causada pelo fungo “Phakopsora pachyrhizi”, reduz a produtividade das plantas, pois ataca as folhas e provoca a queda precoce dos grãos. O fungo é transmitido pelo ar e, através do vento, espalha-se rapidamente por diferentes áreas de plantio. Segundo a Embrapa, a doença provocou perdas de 2,3 milhões de toneladas na safra brasileira de soja de 2005/2006. No mesmo período, a Embrapa calculou que os produtores brasileiros gastaram cerca de 2,7 bilhões de dólares na aquisição de agroquímicos para o controle da doença.

Desde 2000, FCA e Fundação MT desenvolvem pesquisas sobre as tecnologias de aplicação utilizando os pulverizadores terrestres e os aviões agrícolas para o combate da ferrugem da soja. O trabalho busca determinar quais dentre as técnicas usuais oferece melhor desempenho.

Um dos métodos de trabalho utilizados consiste em fazer a aplicação, recolher as folhas da soja e medir a quantidade de fungicida sobre elas. É desenvolvido um protocolo de ensaio através do qual os alunos da FCA e técnicos da Fundação MT medem a eficiência da aplicação e os custos dos tratamentos.

Todos os parâmetros operacionais da aplicação são observados, como explica o professor Ulisses Rocha Antuniassi, do Departamento de Engenharia Rural da FCA. “Na aplicação do fungicida por via terrestre são avaliadas quais as regulagens do pulverizador, as pontas de pulverização mais adequadas, o volume da calda e a velocidade, ou seja, os parâmetros que geram um melhor desempenho no controle da ferrugem da soja, observadas as condições de cada área”. Indiretamente, também é possível avaliar o impacto ambiental da aplicação, através da avaliação das técnicas que oferecem maior ou menor potencial de deriva, ou seja, o desvio do fungicida para as áreas laterais da folha.

Para garantir o sucesso das pesquisas foram efetivadas parcerias com empresas privadas, fabricantes de pulverizadores, pontas de pulverização e fungicidas. A parte de metodologia e análises laboratoriais fica a cargo do Núcleo de Pesquisas Avançadas em Matologia da FCA (Nupam).

Extensão

Desde 2002, FCA e Fundação Mato Grosso estabeleceram um ciclo anual de atividades para a realização das medições e divulgação dos resultados. “Durante a safra da soja, de novembro a março, são feitas as pesquisas utilizando as várias técnicas de aplicação”, explica o professor Ulisses. “Ao longo do ano, são realizados eventos específicos para engenheiros agrônomos e, às vésperas da safra, entre novembro e dezembro, os resultados das pesquisas são divulgados e apresentados diretamente aos produtores”.

Esse serviço de extensão é levado a 22 cidades da região centro-oeste, incluindo os Estados de Mato Grosso do Sul e Goiás. “Durante esse trabalho também recolhemos as impressões dos produtores, quais os problemas mais freqüentes e isso gera os novos protocolos de pesquisa que serão aplicados a partir de janeiro e fevereiro durante a safra”, comenta o professor Antuniassi.

Por causa deste trabalho, a FCA é hoje uma das entidades líderes em termos de tecnologia de aplicação para controle da ferrugem da soja. “Estivemos no Uruguai em 2004, na Bolívia em 2005, em 2006 duas vezes nos Estados Unidos, na Inglaterra e mais uma vez na Bolívia para apresentar o trabalho. Em março de 2006, fizemos, a partir do Centro de Informática da FCA, uma vídeo conferência daqui para os Estados Unidos, na qual 50 engenheiros agrônomos da Universidade Estadual de Ohio tiraram dúvidas conosco”.

Alunos

As pesquisas têm sido um ponto importante de desenvolvimento para os alunos de graduação e pós-graduação da Faculdade. Já foram desenvolvidos trabalhos de mestrado e doutorado no Mato Grosso, trabalhando em parceria com a Fundação MT e, anualmente, são formados grupos de alunos de graduação que, como estagiários, colaboram com as pesquisas no Mato Grosso.

Nesse início de 2007, há três projetos de pesquisa em andamento no campo e um em laboratório. Atualmente, a equipe de trabalho conta com dois alunos de graduação e quatro de pós-graduação da FCA, além de um estagiário da Universidade Estadual do Paraná.

Ulisses Rocha Antuniassi possui graduação em Agronomia pela Universidade Estadual de Londrina (1986), mestrado em Agronomia (Energia na Agricultura) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1990), doutorado em Agronomia (Energia na Agricultura) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1993) e pós-doutorado pela Silsoe Research Institute (1997). Atualmente é Professor Adjunto da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agronômicas – Unesp/Botucatu. Tem experiência na área de Engenharia Agrícola , com ênfase em Máquinas e Implementos Agrícolas. Atuando principalmente nos seguintes temas: Tecnologia de aplicação de defensivos, Agricultura de Precisão.
(Texto gerado automaticamente pela aplicação CVLattes)
Contato: ulisses@fca.unesp.br