Manejo Sustentado do óleo de Copaíba por Patricia da Costa O óleo de copaíba, obtido a partir da perfuração do tronco das espécies do gênero Copaifera spp., é na realidade um óleo-resina, pois possui uma parte resinosa que endurece em contato com o ar, diluída em óleo essencial. O óleo essencial possui aromas marcantes, sendo utilizado pela indústria de perfumes como fixador. Também tem uso recomendado na medicina tradicional para uma série de enfermidades, existindo comprovações científicas de sua ação antiinflamatória, antibacteriana, antineoplásica, entre outras. A Região Norte é a maior produtora de óleo-resina de copaíba no Brasil e as principais espécies fornecedoras de óleo-resina são: C. reticulata Ducke, C. guianensis Desf, C. multijuga Hayne e C. officinalis L., responsáveis por respectivamente 80%, 10%, 5% e 5% da produção brasileira. Na Amazônia, o óleo-resina também é obtido a partir de pelo menos outras 11 espécies. Segundo IBGE (2003) foram comercializadas 463 t de óleo-resina de copaíba em 2003, somando aproximadamente R$ 1,4 bilhões, sendo 458 t provenientes da Região Norte e 5 t do Mato Grosso. Embora o óleo-resina de copaíba seja freqüentemente encontrado em feiras em Boa Vista, não houve registro oficial da comercialização de óleo-resina de copaíba para o Estado de Roraima (IBGE, 2003). A produção de óleo-resina de copaíba varia muito de árvore para árvore e pouco se sabe sobre os fatores que determinam tais variações. De maneira geral, as características genéticas, condições edáficas e época do ano são consideradas como fontes de variação na produção, na proporção de indivíduos produtivos e em suas características físico-químicas (Alencar, 1982; Rigamonte-Azevedo, 2004; Ferreira & Braz, 2006) Adicionalmente, tem-se percebido a existência de diferenças na composição química e nas propriedades farmacológias de óleos-resina provenientes de diferentes espécies de copaíba (Maia et al., 2001; Veiga Júnior & Pinto, 2002). As estimativas de produção podem variar ainda em relação ao tipo de manejo para a retirada do óleo-resina e de acordo com o período entre extrações consecutivas. Coletas sucessivas em um mesmo indivíduo devem ser consideradas quando se planeja produzir óleo-resina de copaíba. Entretanto, sabe-se que se a extração for conduzida de forma inadequada pode levar a morte do indivíduo, ou ainda, gerar respostas fisiológicas desconhecidas. Pode-se supor, por exemplo, que a demanda fisiológica da árvore em produzir o exsudato poderia competir com a necessidade ecológica de produzir sementes, levando a uma redução na produção de sementes e conseqüentemente sobre as taxas de recrutamento (Peters, 1996). Por estes motivos algumas instituições têm gerado recomendações de intervalo mínimo de coleta de 2 (SEBRAE-AC, 1995 apud Shanley et al., 2005) ou 3 anos (Leite et al., 2001; IMAFLORA, 2004), sem qualquer embasamento técnico-científico. Neste sentido a Embrapa Roraima vem estudando a dinâmica de populações de C. publiflora em parcela permanente de grande dimensão, como parte das atividades do projeto "Kamukaia – Manejo Sustentável de Produtos Florestais Não-Madeireiros, na Amazônia". Nesta parcela estão sendo conduzidos estudos de fenologia e produção de sementes, além de experimentos que permitam avaliar o impacto de diferentes níveis de freqüência de coleta do óleo-resina sobre sua produção. Serão conduzidas avaliações quantitativas e qualitativas dos óleos-resina produzidos e os indivíduos serão monitorados visando identificar possíveis ataques de microrganismos. Os dados obtidos, incluindo aspectos biofísicos, serão correlacionados com a freqüência de extração. Ao final, espera-se obter subsídios para a extração sustentável de óleo-resina de copaíba, contribuindo para a definição de critérios utilizados por órgãos certificadores, e para a definição de ações de políticas públicas e de leis e normas para a aprovação dos planos de manejo junto aos órgãos ambientais. *Artigo encaminhado ao Infobibos por Siglia Souza, Jornalista da Área de Comunicação e Negócios da Embrapa Roraima. Contato: siglia@cpafrr.embrapa.br Patricia da Costa
possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (1997) e mestrado em Agronomia (Ciências
do Solo) pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2002).
Atualmente é Pesquisador B 04 (reenquadramento PCS) da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Roraima. Tem
experiência na área de Ecologia , com ênfase em Ecologia Aplicada.
Atuando principalmente nos seguintes temas: fauna do solo,
leguminosas arbóreas, eucalipto, macrofauna, recuperação de áreas
degradadas. Contato: patricia@cpafrr.embrapa.br
Reprodução autorizada desde que citado o autor e a fonte Dados para citação bibliográfica(ABNT):
COSTA, P. Manejo Sustentado do óleo de Copaíba.
2007. Artigo em Hypertexto. Disponível em: Publicado no Infobibos em12/02/2007 |