AQUECIMENTO GLOBAL – Aspectos Regionais e Locais

 

Haron Abrahim Magalhães Xaud

Maristela Ramalho Xaud

Reinaldo Imbrozio Barbosa

 

No artigo anterior “Aquecimento Global – Aspetos Gerais”, apresentamos algumas conseqüências mundiais previstas nos estudos de mudanças do clima.

Segundo os estudos divulgados em 02/02/2007 em Paris, pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima), nos próximos 100 anos a temperatura média do planeta aumentará de 2,0 a 4,5 ºC. As previsões para a América do Sul são de quebra de safras, causadas principalmente pela maior irregularidade e menor quantidade de chuvas; aumento de doenças, e aceleração da extinção de animais e plantas. O aumento da temperatura média do ar no continente será de 1,5 a 2,0 ºC até o ano de 2040. Baseado nestas estimativas, uma pessoa que tenha nascido em Boa Vista em 2000, iniciou sua vida nos atuais 27,8 ºC de temperatura média do ar (anual) e experimentará, ao longo de sua vida, temperaturas médias anuais cada vez mais próximas de 30ºC. O que dizer das temperaturas máximas, que hoje estão em torno de 38ºC e poderão ultrapassar 40ºC em 2040?

Embora ainda não calculados, certamente os impactos econômicos já atingem o cidadão, o Governo e a iniciativa privada. Hoje já se gasta mais energia para manter a temperatura ambiente agradável em hospitais, escolas e repartições públicas que no tempo da infância de nossos avós. E o que é pior, isto tende a piorar. Silenciosamente, os custos de vida tenderão a aumentar junto com a temperatura. Mas os impactos não param por aí.

Roraima já sofreu com dois drásticos e recentes eventos de El Nino: (a) 1997/98; o mais forte do século XX e (b) 2002/03. No extremo norte da Amazônia brasileira, onde Roraima está inserido, a conseqüência climática mais evidente foi a antecipação e o prolongamento da estação seca. Nestes períodos de secas intensas e longas, os níveis de água de igarapés, rios e lagos são fortemente afetados, influenciando diretamente na disponibilidade de água para irrigação de lavouras e para a pecuária. Como conseqüência das mudanças climáticas, a variação da intensidade e duração do período chuvoso deverá levar a maiores riscos de quebra de safras agrícolas impactando o agronegócio.

Numa resposta natural à seca, as florestas perdem folhas, diminuem o seu crescimento e transpiração (e evaporação) para a economizar água. Com a seca, a umidade relativa do ar e a umidade do material depositado sobre o solo da floresta (galhos, folhas, troncos mortos), também diminuem. Esta situação coincide justamente com o período de maior insolação e ventos, conhecido como o período de “verão” em Roraima. As queimadas na agricultura, encontrando condições semelhantes aquelas dos anos de El-Niño, baixa umidade do ar e alta temperatura, poderão dar origem a novos incêndios florestais, talvez de maiores proporções, tornando cada vez mais escassas as matérias primas florestais, afetando também a biodiversidade e o estoque de água subterrâneo.

Apresentadas algumas prováveis conseqüências das alterações climáticas para Roraima, baseadas em inferências sobre o relatório do IPCC que contempla dados gerais para a América do Sul, é importante provocar uma última questão: Como o desenvolvimento do Estado poderá seguir caminhos de precaução em relação a estas alterações climáticas que já vêm afetando os nossos recursos naturais, a economia e a qualidade de vida da população? Precisamos refletir e criar soluções responsáveis para o futuro. Se observarmos bem, ele já está se fazendo presente!


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Artigo encaminhado ao Infobibos por
Siglia Souza, Jornalista da Área de Comunicação e Negócios da Embrapa Roraima. Contato: siglia@cpafrr.embrapa.br


Haron Abrahim Magalhães Xaud possui mestrado em Sensoriamento Remoto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (1998). Atualmente é Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa Roraima. Tem experiência na área de Recursos Florestais e Engenharia Florestal , com ênfase em Manejo Florestal.
(Texto gerado automaticamente pela aplicação CVLattes)

Contato: haron@cpafrr.embrapa.br

 

Maristela Ramalho Xaud possui mestrado em Sensoriamento Remoto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (1998). Atualmente é Pesquisadora II da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro de Pesquisa Agroflorestal de Roraima. Tem experiência na área de Agronomia e Meio Ambiente, com ênfase em Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento, atuando principalmente nos seguintes temas: Roraima, Amazônia, sensoriamento remoto, geoprocessamento, monitoramento ambiental, queimadas, incêndios florestais e gestão ambiental.
Contato:
maris@cpafrr.embrapa.br

 

Reinaldo Imbrozio Barbosa possui graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (1984), mestrado em Biologia (Ecologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (1994) e doutorado em Biologia (Ecologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (2001). Atualmente é Pesquisador Titular III do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA. Tem experiência na área de Ecologia, com ênfase em Ecologia de Ecossistemas. Atuando principalmente nos seguintes temas: Savanas - Roraima, Amazônia - Roraima, Efeito Estufa, Carbono, Cerrado e Emissão de Gases.
(Texto gerado automaticamente pela aplicação CVLattes)

Contato: reinaldo@inpa.gov.br


 

Reprodução autorizada desde que citado o autor e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

XAUD, H.A.M; XAUD, M.R.; BARBOSA; R.I. Aquecimento global: aspectos regionais e locais. 2007. Artigo em Hypertexto. Disponível em:
<
http://www.infobibos.com/Artigos/2007_1/aquecimento2/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 28/03/2007