ASPECTOS TÉCNICOS DO CULTIVO DO PESSEGUEIRO
Edvan Alves Chagas
O pessegueiro (Prunus persica L. Batsch), originário da China, é considerado frutífera típica de clima temperado. O pêssego é uma fruta muito apreciada no mundo, pelo sabor, pela aparência e pelo seu valor econômico no âmbito da cadeia produtiva. Toda a produção nacional de pêssego e nectarina se destinam ao mercado interno. Além de ser saborosa, a fruta possui diversos nutrientes importantes para o organismo. A fruta é uma boa fonte de vitaminas A, C, K, B5 e ferro, além de ser rica em carotenóides. Época de plantio: utilizar mudas enxertadas sobre porta-enxertos de pessegueiro cv. Okinawa, resistente aos nematóides de galhas. Mudas de raízes nuas: plantio em julho e agosto; em recipientes: qualquer época, de preferência na estação das águas. Espaçamento e densidade de plantio: convencionalmente utiliza-se o espaçamento de 6 x 4 m ou 5,5 x 3,5 m, quando conduzida em forma de vaso. Quando conduzida em forma de Y, pode-se optar pelo espaçamento de 7 x 2 m ou 6 x 2 m. Dependendo do sistema de condução a quantidade de mudas vai variar de 400 a 800 mudas por hectare, no sistema convencional e sistema adensado, respectivamente. Calagem e Adubação Calagem: de acordo com a análise de solo, aplicar calcário para elevar a saturação por bases a 70%, distribuindo o corretivo por todo o terreno antes do plantio ou mesmo durante a exploração do pomar, incorporando-o através de aração e/ou gradagem. As adubações são diferenciadas, de acordo com a idade das plantas, da seguinte forma: Adubação de plantio: aplicar, por cova, 2kg de esterco de curral, bem curtido, 1kg de calcário magnesiano, 200g de P2O5 e 60 de K2O, pelo menos 30 dias antes do plantio. Em cobertura: a partir da brotação das mudas, aplicar ao redor da planta, 60g de N, em quatro parcelas de 15g, de dois em dois meses. Adubação de formação: para plantios convencionais, de acordo com a análise do solo e por ano de idade, aplicar 60 a 120 g/planta de cada um dos nutrientes: N, P2O5 e K2O; o N em quatro parcelas, de dois em dois meses, a partir do início da brotação. Adubação de produção: no pomar adulto convencional, a partir do 5º ano, dependendo da análise do solo e da produtividade, aplicar anualmente 3 t/ha de esterco de galinha, ou 15 t/ha de esterco de curral, bem curtido, e 90 a 180 kg/ha de N, 20 a 120 kg/ha de P2O5 e 30 a 150 kg/ha de K2O. Após a colheita, distribuir esterco, fósforo e potássio, na dosagem anual, em coroa larga, acompanhando a projeção da copa no solo, e, em seguida, misturá-los com a terra da superfície. Dividir o nitrogênio em quatro parcelas, aplicadas em cobertura, de dois em dois meses, a partir do início da brotação. Em todas as fases, a adubação foliar e/ou fertirrigação com micronutrientes são essenciais para o bom crescimento e desenvolvimento das mudas. A mesma deve ser realizada com base na análise foliar. Manejo cultural Para uma boa formação do pomar, é imprescindível a realização de podas nas plantas de acordo com cada estágio da planta. Desta forma, temos basicamente três tipos de podas: Poda de Formação: realizada nos dois primeiros anos e vai depender do sistema de condução. Se as plantas forem conduzidas em forma de vaso ou taça aberta, a poda deve ser direcionada de forma a deixar quatro ramos dispostos lateralmente ao redor da planta, Se o sistema selecionado for em Y, então deve-se direcionar a poda a fim de deixar apenas duas pernadas laterais na planta e opostas no sentido da entrelinha. Poda de Produção: realizada de maio a junho, consiste na retirada de ramos quebrados, doentes, secos ou mal localizados. Em seguida, faz-se um desponte de, aproximadamente, um terço no surto de crescimento do ramo do ano e o desponte dos ramos de frutificação. Essa poda depende também da capacidade de frutificação efetiva que é peculiar de cada variedade e local. Poda de Limpeza: realizada durante todo o segundo semestre do ano visando a retirada do excesso de brotação e ramos mal localizados. Irrigação: Indispensável nas estiagens. Pode ser realizada por gotejamento ou através de microaspersão. Controle de pragas e doenças: no inverno – as principais doenças são podridão parda, ferrugem e bacteriose. Com relação às pragas, cita-se a mosca das frutas e a grafolita. O controle deverá ser realizado com a aplicação de calda sulfocálcica concentrada. na vegetação e na fase de frutificação – as pragas devem ser monitoradas e controladas com armadilhas e, em casos de necessidade aplicação de inseticidas. Já as doenças devem ser controladas de forma preventiva e curativa com a aplicação de fungicidas, sendo as causadas por fungo as mais importantes. Colheita e produtividade No estado de São Paulo, a colheita é realizada de agosto a fins de outubro, dependendo do ano e da região. A produtividade média alcançada é de 25 a 45 t/ha de frutos, em pomares adultos racionalmente conduzidos e conforme o espaçamento. Característica de Algumas Variedades Aurora 1 (IAC 680-179) As plantas são vigorosas, muito produtivas e de baixa exigência em frio. Seus frutos são grandes (cerca de 130g), de forma redondo-oblonga e com ponta pouco saliente. A película apresenta de 70 a 80% de vermelho-intenso sobre fundo amarelo. A polpa é bem firme, amarela e aderente ao caroço. O sabor é doce, com baixa acidez. Douradão (IAC 6782-83) As plantas apresentam vigor médio e crescimento compacto. Os frutos são bem grandes (cerca de 160 g). A polpa é amarela e mostra-se espessa, firme, fibrosa, medianamente suculenta e sem aderente ao caroço. A película apresenta de 80 a 90% de vermelho-estriada, sobre fundo amarelo-claro. O sabor doce-acidulado apresenta-se bem equilibrado e agradável, com 16º Brix. Existem várias outras variedades que se adaptam bem às condições do Estado de São Paulo e estão disponíveis para o plantio. Bibliografias Consultadas BARBOSA, W.; OJIMA, M.; CAMPO-DALL'ORTO, F.A.; RIGITANO, O.; MARTINS, F.P.; SANTOS, R.R. & CASTRO, J.L. Melhoramento do pessegueiro para regiões de clima subtropical-temperado: realizações do Instituto Agronômico no período de 1950-1990. Campinas, Instituto Agronômico, 1997. 22p. (Documentos IAC, 52). CAMPO-DALL’ORTO, F.A.; BARBOSA, W.; OJIMA, M.; FRANCO, A.B. Formação de pomares de frutíferas de clima temperado-subtropical. Campinas, Instituto Agronômico, 1989. 28p. (Boletim Técnico, 128). CARVALHO, V. L.; CHALFOUN, S. M. Doenças do pessegueiro. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 18, n. 189, p. 51-55, 1997. OJIMA, M.; CAMPO DALL'ORTO, F.A.; BARBOSA, W. & RAIJ, B. van. Frutas de Clima Temperado: I. Ameixa, nêspera, pêssego, nectarina e damasco-japonês (umê). In: RECOMENDAÇÕES DE ADUBAÇÃO E CALAGEM PARA O ESTADO DE SÃO PAULO. Campinas, Instituto Agronômico, 1996. (Boletim, 100) p. 137-138. OJIMA, M.; CAMPO DALL’ORTO, F.A.; BARBOSA, W.; MARTINS, F.P.; SANTOS, R.R. dos. Propagação do pessegueiro: pesquisas no Instituto Agronômico. Campinas: Instituto Agronômico, 1999. 42p. (Documentos IAC, 64). OJIMA, M.; CAMPO DALL'ORTO, F.A.; BARBOSA, W.; RIGITANO, O.; MARTINS, F.P.; SANTOS, R.R.; CASTRO, J.L. & SABINO, J.C. Pêssego, nectarina, ameixa, caqui, nêspera, nogueira-macadâmia, figo e pecã. In: INSTRUÇÕES AGRICOLAS PARA AS PRINCIPAIS CULTURAS ECONÔMICAS. Campinas, Instituto Agronômico, 1998. (Boletim, 200). SANTA-CECILIA, L. V. C.; SOUZA, B. Reconhecimento e manejo das principais pragas do pessegueiro. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 18, n. 189, p. 56-62, 1997.
Reprodução autorizada desde que citado o autor e a fonte Dados para citação bibliográfica(ABNT): CHAGAS, E.A.; PIO, R.; BARBOSA, W.; DALL `ORTO, F.A.C.. Aspectos técnicos do cultivo do pessegueiro. 2006. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2006_3/pessego/index.htm>. Acesso em:Publicado no Infobibos em 20/10/2006 |