POR QUE PLANTAR MARACUJÁ?

Adelise de Almeida Lima
Carlos Estevão Leite Cardoso


          Originária de regiões tropicais, principalmente da América Latina, essa fruteira encontra em nossas condições ecológicas excelente adaptação, mantendo sua produtividade mesmo em condições adversas.

          É de grande relevância a importância social da cultura do maracujá, haja vista ser uma fruteira cultivada predominantemente em pequenos pomares, em média de 1,0 a 4,0 hectares.

          É uma cultura que tem longo período de safra, variável de oito meses no Sudeste (dez meses no Nordeste) até doze meses no Norte, permitindo deste modo um fluxo de renda mensal equilibrado, aspecto que contribui para elevar o padrão de vida em pequenas propriedades rurais de exploração familiar.

          Além de se constituir numa alternativa de produção e de elevação do nível de renda para pequenos e médios produtores, a cultura do maracujá proporciona aumento do emprego rural por utilizar mão-de-obra intensivamente durando todo o ano, o que contribui para a fixação do homem no meio rural.

          O fruto, de cor amarela, forma ovalada, apresenta aroma e acidez acentuados. É  muito apreciado pela qualidade de seu suco, bastante agradável e rico em minerais e vitaminas, sobretudo A e C (Tabelas 1 e 2), além de suas propriedades farmacológicas. A maracujina, passiflorine e a calmofilase são especialidades farmacêuticas de amplo uso como sedativo e antiespasmódico.

Tabela 1 – Teores de vitamina A e C presentes no suco de maracujá comparados com os de alguns frutos consumidos no Brasil.

Frutos

Vitamina A (mg/100mL)

Vitamina C (mg/100mL)

Maracujá amarelo

2.410

20,0

Maracujá roxo

717

29,8

Mamão

2.000

80,0

Manga

4.200

15,1

Laranja

646

50,5


 

Tabela 2 - Composição do suco de maracujá amarelo (100 mL).

Composição

Maracujá amarelo

Calorias (Kcal)

90

Proteína (g)

2,2

Lipídios (g)

0,05

Glicídios (g)

21,2

Fibras (g)

0,7

Cinzas (g)

0,4

Cálcio (mg)

13

Fósforo (mg)

17

Ferro (mg)

1,6

Vitamina B1 (mg)

0,03

Vitamina B2 (mg)

0,13

Vitamina B5 (mg)

2,42

Vitamina C (mg)

30

Niacina (mg)

1,5

Retinol equiv (mmg)

70

Niacina (mg)

1,5

Fonte: IBGE.  Estudo nacional da defesa familiar.  5. ed.  Rio de Janeiro: Varela, 1999. 137 p.

 

          Tomando por base o preço médio recebido pelos produtores de R$ 0,35/kg, (considerando-se o preço médio calculado com base em 50% da produção comercializada no mercado in natura e 50% para a indústria) estima-se que um hectare de maracujá gere uma receita bruta de R$ 10.500,00.
 
          No cálculo da receita está sendo considerado o rendimento médio de 10 e 20 toneladas, respectivamente, no primeiro e segundo ano. Com esses níveis de rendimento médio, o custo por quilo de maracujá, considerando-se todo o ciclo de cultivo do pomar, ou seja, dois anos, é equivalente a R$ 0,14.
 
          Os valores anteriormente apresentados para custo unitário e preço recebido pelos produtores proporciona uma relação benefício/custo de 2,53. Isto significa que, para cada real investido, a uma taxa de desconto de 6% ao ano, a atividade retorna o real investido e mais R$ 1,53.
 
          Em condições de irrigação estima-se um custo unitário (kg/ano) de R$ 0,10, para um rendimento médio de 25 e 35 toneladas no primeiro e segundo ano. Esses valores, associados ao preço médio de R$ 0,35/kg, sugerem uma rentabilidade bem maior quando se compara ao sistema de plantio de sequeiro.
 
          Estes preços refletem uma média anual. Entretanto, considerando a sazonalidade da oferta, o mesmo pode oscilar para valores acima (na entressafra) ou abaixo (no período de safra).
 
*Artigo encaminhado ao Infobibos por Léa Cunha, Jornalista da Área de Comunicação e Negócios da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical - Cruz das Almas - BA

 

Adelise de Almeida Lima: possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa (1973) e mestrado em Fitotecnica pela Universidade Federal de Viçosa (1982). Atualmente é Pesquisador II da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. Tem experiência na área de Agronomia , com ênfase em Fitotecnia. Atuando principalmente nos seguintes temas: Espaçamentos, Níveis de adubação, Variedades.
(Texto gerado automaticamente pela aplicação CVLattes)
Contato: adelise@cnpmf.embrapa.br

 

   

 

Carlos Estevão Leite Cardoso: possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal da Bahia (1981), especialização em XIV CEPEDI pela Universidade Federal do Ceará (1984), mestrado em Ciências (Economia Aplicada) pela Universidade de São Paulo (1995), doutorado em Ciências (Economia Aplicada) pela Universidade de São Paulo (2003).  Atualmente é Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e Pesquisador convidado do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. Tem experiência na área de Economia , com ênfase em Economias Agrária e dos Recursos Naturais. Atuando principalmente nos seguintes temas: Competitividade, Mandioca, Fécula, Inovação, Tecnológica e Mudança.
(Texto gerado automaticamente pela aplicação CVLattes)
Contato:
estevao@cnpmf.embrapa.br

 


Reprodução autorizada desde que citado o autor e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

LIMA, A.A.; CARDOSO, C.E.L. Por que plantar maracujá?. 2006. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2006_3/Maracuja/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 23/10/2006