ASPECTOS TÉCNICOS DO CULTIVO DA AMEIXEIRA

Edvan Alves Chagas
Rafael Pio
Wilson Barbosa
Fernando Antonio Campo Dall`Orto

 

A ameixa Prunus salicina Lindl. é comumente referida como japonesa, lembrando a sua origem. Frutífera arbórea de clima temperado, de folhas caducas, da família Rosaceae, requer o uso de variedades pouco exigentes de frio, especialmente selecionadas às condições climáticas locais. Em São Paulo e nas regiões de ecologia similar dos Estados vizinhos, é uma das frutíferas de maior difusão nos últimos anos, graças, principalmente, ao plantio de variedades selecionadas no Instituto Agronômico. A produção de ameixas destina-se, na quase totalidade, ao consumo in natura, no mercado interno, porém com boas perspectivas de exportação. Os frutos prestam-se também ao aproveitamento industrial, em forma de passas, geléias, licores e destilados.


Mudas e épocas de plantio:
utilizar mudas enxertadas sobre porta-enxertos de pessegueiro cv. Okinawa, resistente aos nematóides de galhas. Existem dois tipos de mudas: as mudas de raízes nuas, cujo plantio deve ser realizado em julho e agosto e as mudas em recipientes, cujo plantio dever ser realizado em qualquer época, de preferência na estação das águas.


Espaçamento e densidade de plantio:
o espaçamento mais utilizado é o de 6 x 4m ou 5 x 3m. Geralmente, essas plantas são conduzidas em forma de vaso. No caso do primeiro caso, são requeridas cerca de 416 mudas por hectare. Já no adensado, segundo caso, são requeridas cerca de 666 mudas.

 

Correção do solo e adubações

Calagem: de acordo com a análise de solo, aplicar o calcário para elevar a saturação por bases a 70%, distribuindo corretivo por todo o terreno, antes do plantio ou mesmo durante a exploração do pomar, incorporando-o mediante aração e/ou gradagem.


Adubação de plantio:
aplicar, por cova, 2kg de esterco de galinha ou 10kg de esterco de curral, bem curtidos, 1 kg de calcário magnesiano, 200g de P2O5 e 60g de K2O, pelo menos 30 dias antes do plantio. Em cobertura, a partir de brotação das mudas, ao redor da planta, aplicar 60g de N, em quatro parcelas de 15g, de dois em dois meses.


Adubação de formação:
no pomar convencional, de acordo com a análise de solo, aplicar 60 a 120 g/planta de cada um dos nutrientes: N, P2O5 e k2O, por ano de idade, sendo o N em quatro parcelas, de dois em dois meses, a partir do início da brotação.


Adubação de produção:
no pomar adulto convencional, a partir do 5º ano, dependendo da análise de solo e da produtividade, aplicar anualmente, 3 t/ha de esterco de galinha, ou 15 t/ha de esterco de curral, bem curtidos, e 100 a 200 kg/ha de N, 20 a 120 kg/ha de P2O5 e 30 a 150 kg/ha de K2O. Após a colheita, distribuir esterco, fósforo e potássio, na dosagem anual, em coroa larga, acompanhando a projeção da copa no solo. Aplicar o nitrogênio em quatro parcelas, em cobertura, de dois em dois meses, a partir do início da brotação.

Obs.: Em todas as fases, a adubação foliar e/ou fertirrigação com micronutrientes são essenciais para o bom crescimento e desenvolvimento das mudas. A mesma deve ser realizada com base na análise foliar.

 

Manejo cultural

            Para uma boa formação do pomar, é imprescindível a realização de podas nas plantas de acordo com cada estágio da planta. Desta forma, temos basicamente três tipos de podas:


Poda de Formação
:
realizada nos dois primeiros anos e vai depender do sistema de condução. O sistema mais utilizado é na forma de vaso ou taça aberta, a poda deve ser direcionada de forma a deixar quatro a seis ramos dispostos lateralmente ao redor da planta.


Poda de Produção
:
realizada de maio a junho, consiste na retirada de ramos quebrados, doentes, secos ou mal localizados. Em seguida, faz-se um desponte de, aproximadamente, um terço no surto de crescimento do ramo do ano e o desponte dos ramos de frutificação. Essa poda depende também da capacidade de frutificação efetiva que é peculiar de cada variedade e local. De forma geral, a ameixa não requer podas muito severas.


Poda de Limpeza
:
realizada durante todo o segundo semestre do ano visando à retirada do excesso de brotação e ramos mal localizados.
 

Irrigação: Indispensável nas estiagens. Pode ser realizada por gotejamento ou através de microaspersão

Controle de pragas e doenças:
no inverno – deverá ser realizada com a aplicação de calda sulfocálcica concentrada. na vegetação e frutificação – as pragas devem ser monitoradas e controladas com armadilhas e, em casos de necessidade aplicação de inseticidas. Já as doenças devem ser controladas de forma preventiva e curativa com a aplicação de fungicidas e bactericidas. A obtenção de mudas sadias e uma boa nutrição também são essenciais para amenizar alguns problemas como escaldadura da ameixeira.

 

Colheita e produtividade

A colheita é realizada de setembro até meados de janeiro, dependendo da região. Quando bem conduzida, a produtividade média alcançada é de 15 a 25 t/ha de frutos, em pomares adultos racionalmente conduzidos e conforme o espaçamento.

Variedades

Existem atualmente uma série de variedades que podem ser cultivadas no Estado de São Paulo, a exemplo da Roxo de Itaquera, Kelsey Paulista, Reubennel, Satsuma, Centenária, Januária, Gema de Ouro, entre outras.

 

Bibliografias Consultadas

BARBOSA, W.; OJIMA, M.; CAMPO-DALL’ORTO, F.A.; CASTRO, J.L.; NOVO, A.C.S.S.; VEIGA, R.I.A. Comportamento de sete cultivares de ameixeira em Capão Bonito. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.23, n.1, p.108-111, 2001.
 

BARBOSA, W.; OJIMA, M.; CAMPO-DALL'ORTO, F.A.; RIGITANO, O.; MARTINS, F.P.; SANTOS, R.R. & CASTRO, J.L. Melhoramento do pessegueiro para regiões de clima subtropical-temperado: realizações do Instituto Agronômico no período de 1950-1990. Campinas, Instituto Agronômico, 1997. 22p. (Documentos IAC, 52)
 

CAMPO-DALL’ORTO, F.A.; BARBOSA, W.; OJIMA, M.;  FRANCO, A.B. Formação de pomares de frutíferas de clima temperado-subtropical. Campinas, Instituto Agronômico, 1989. 28p. (Boletim Técnico, 128).
CARVALHO, V. L.; CHALFOUN, S. M. Doenças do pessegueiro. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 18, n. 189, p. 51-55, 1997.

CASTRO, L. A. S. (Ed.). Ameixa. Produção. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2003. 115 p. (Embrapa Informação Tecnológica. Frutas do Brasil, n. 43).

OJIMA, M.; CAMPO DALL'ORTO, F.A.; BARBOSA, W.; RIGITANO, O.; MARTINS, F.P.; SANTOS, R.R.; CASTRO, J.L. & SABINO, J.C. Pêssego, nectarina, ameixa, caqui, nêspera, nogueira-macadâmia, figo e pecã. In: INSTRUÇÕES AGRICOLAS PARA AS PRINCIPAIS CULTURAS ECONÔMICAS. Campinas, Instituto Agronômico, 1998. (Boletim, 200).


 

EDVAN ALVES CHAGAS, Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Pelotas (2000), Mestrado em Agronomia (Fitotecnia) pela Universidade Federal de Lavras (2003) e Doutorado em Produção Vegetal pela Universidade Estadual Paulista/FCAV/UNESP (2005). Atualmente é pesquisador científico do Instituto Agronômico de Campinas. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Fruticultura, atuando principalmente nos seguintes temas: Manejo, Propagação e Melhoramento de Fruteiras de Clima Temperado e Técnicas Biotecnológicas aplicadas ao Melhoramento de Fruteiras.
Contato: echagas@iac.sp.gov.br

 

RAFAEL PIO, Possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras (2001), mestrado em Agronomia (Fitotecnia) pela Universidade Federal de Lavras (2002) e doutorado em Fitotecnia pela Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (2005). Atualmente é Pesquisador Científico do Instituto Agronômico (IAC). Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Fruticultura de clima temperado, atuando principalmente nos seguintes temas: produção de mudas, manejo cultural e melhoramento genético de frutas de clima temperado com baixa exigência ao frio. É especialista com as seguintes frutas: marmelo, nêspera e figo.

 

WILSON BARBOSA, Biólogo, concluiu o mestrado em Agronomia pela Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) em 1989. Atualmente é Pesquisador Científico VI, do Instituto Agronômico (IAC), órgão de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Publicou inúmeros artigos técnicos e científicos em periódicos especializados, livros e capítulos de livros,  Boletins Técnicos, Circulares e na Série Documentos do IAC. Em suas atividades profissionais interagiu com inúmeros pesquisadores e outros colaboradores em autoria ou co-autoria de inúmeros trabalhos científicos, no lançamento comercial de inúmeras cultivares frutíferas e divulgando uma série de novas técnicas frutíferas. É pesquisador produtividade do CNPq e já recebeu 2 prêmios na área de pesquisa e desenvolvimento agrícola. Atua na área de Agronomia, com ênfase em Manejo e Uso de Recursos Genéticos de Frutíferas.

 

 

FERNANDO ANTONIO CAMPO DALL`ORTO, Eng. Agrônomo formado pela ESALQ/USP e com Mestrado em Energia Nuclear na Agricultura, em 1982 (CENA). Iniciou suas atividades de pesquisa no Estado de São Paulo em 23 de agosto de 1973 e, atualmente, já há quinze anos, ocupa o cargo de Pesquisador Científico Nível VI, do Instituto Agronômico (IAC). Publicou inúmeros artigos técnicos e científicos em periódicos especializados, livros e capítulos de livros,  Boletins Técnicos, Circulares e na Série Documentos do IAC. Em suas atividades profissionais interagiu com inúmeros pesquisadores e outros colaboradores em autoria ou co-autoria de inúmeros trabalhos científicos, no lançamento comercial de inúmeros cultivares frutíferos e divulgando uma série de novas técnicas frutíferas. É bolsista produtividade do CNPq e atua na área de manejo e melhoramento de plantas frutíferas.


 

Reprodução autorizada desde que citado o autor e a fonte


Dados para citação bibliográfica(ABNT):

CHAGAS, E.A.; PIO, R.; BARBOSA, W.; DALL `ORTO, F.A.C.. Aspectos técnicos do cultivo da ameixeira. 2006. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2006_3/ameixeira/index.htm>. Acesso em:


Publicado no Infobibos em 02/10/2006