MINHOCULTURA por Ângelo Artur Martinez
A criação de
minhocas (minhocultura) é, entre nós, uma atividade recente e
desconhecida do grande público. A exemplo dos demais países da América
do Sul, ela teve início no final de 1983, com matrizes trazidas da
Itália pelo Comendador Lino Morganti, para a sua propriedade em ltú
(SP). As minhocas são animais que se caracterizam, em particular, por apresentarem os seus corpos segmentados, interna e externamente. Esses segmentos (somitos) que, conforme a espécie, variam enormemente, desde sete nas espécies microscópicas, até mais de quinhentos nos minhocuçus, e assemelham-se a pequenos anéis, daí o porquê de elas serem chamadas de anelídeos, do Phylum Annelida. De
acordo com o número e o tamanho desses anéis, são encontrados indivíduos
desde cinco milímetros de comprimento até 3,30 metros, como a
Megascolides australis, a gigante das minhocas. Reprodução Os
oligoquetas, como também são conhecidas as minhocas, são animais
hermafroditos, isto é, apresentam os órgãos reprodutores masculinos e
femininos num mesmo indivíduo. Entretanto, eles não conseguem se
autofecundar, havendo a necessidade do concurso de um parceiro. Espécies Comerciais
Apenas três
espécies são criadas comercialmente:
No Brasil, estão sendo criadas (misturadas) as espécies 1 e 3, de acordo com a classificação feita pelo professor Gilberto Righi, do Departamento de Zoologia da Universidade de São Paulo, especialista em oligoquetas. Devido ao nosso clima tropical, há uma predominância da gigante africana nos canteiros dos criadores. Criação A criação é feita em canteiros de 1m de largura por 0,40m de altura e comprimento variável de 10 a 15 metros. Para a construção do canteiro, ao nível do solo, com fundo de terra batida, podem ser usados tijolos, blocos, tábuas e o bambu aberto no meio, com uma declividade interna de 2%, para facilitar o sistema de drenagem.
Matéria-prima Para o carregamento do canteiro, podemos usar o esterco animal curtido, lixo domiciliar ou outra fonte de matéria orgânica em decomposição, que, além de servirem como um ambiente natural para as minhocas, são usados na sua alimentação. Para tanto, o esterco de gado, o mais utilizado, deve ser fermentado-compostado. Inicialmente, faz-se uma camada de restos de culturas, como colmos e talos de plantas, folhas, capins e cascas, ricos em fibras (carbono), com mais ou menos 30cm de altura, sobre a qual coloca-se uma camada de mais ou menos 10-15cm de esterco fresco, rico em nitrogênio e, assim, sucessivamente, até completar a pilha. Não se deve esquecer que ao se fazer uma nova camada de material fibroso mais esterco, a camada anterior deve ser umedecida. Essa pilha deve ter 1,50 de altura, 2m de largura e 5 a 6m de comprimento, com formato de um telhado com 4 águas. Após a compostagem (cerca de 30 dias), quando a temperatura da pilha esfriar, podemos, então, colocar o composto no canteiro para que as minhocas promovam a sua humificação. Matrizes As matrizes podem ser adquiridas com os criadores que as comercializam, tendo, geralmente, como base de venda o litro de minhocas (mais ou menos 1.500), cujo preço varia de acordo com a região. Povoamento do Canteiro Para
iniciantes: 1 litro de minhocas/metro quadrado de canteiro, com
comprimento de 5 a 6 metros (fase de adaptação e multiplicação das
matrizes) . As matrizes devem ser colocadas livremente na superfície do canteiro logo na parte da manhã, e, a seguir, cobertas com o capim que protege o canteiro, para evitar que elas fujam com a chegada da noite. Condução do Canteiro Além
da alimentação (esterco), da temperatura, da acidez, da aeração e da
drenagem do canteiro, o teor de umidade é da máxima importância para o
desenvolvimento das minhocas; sempre que o teor cair abaixo de 80%, o
canteiro deve ser irrigado.
Colheita das Minhocas A
colheita pode ser manual, diretamente sobre o canteiro ou sobre uma
mesa, junto com o húmus (matrizes), ou ainda através de máquinas
(peneiras).
Colheita do Húmus
Dependendo da população inicial de minhocas e da condução do
canteiro, dentro de 30 dias, este poderá ser descarregado e o seu húmus
peneirado. *Texto base também publicado no site da CATI - www.cati.sp.gov.br
Ângelo
Artur Martinez é engenheiro agrônomo formado na Escola Superior de
Agronomia - "Luiz de Queiroz" ESALQ-USP em 1963, como funcionário da
Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo - Coordenadoria de
Assistência Técnica Integral - CATI, foi um dos responsáveis pelo
projeto de implantação e consolidação da exploração comercial da cultura
da Seringueira,
Hevea brasiliensis Muel. Arg. no Estado de São Paulo.
Reprodução autorizada desde que citado o autor e a fonte Dados para citação bibliográfica(ABNT):
MARTINEZ, A. A.
Minhocultura. 2006. Artigo em Hypertexto. Disponível
em: <http://www.infobibos.com/artigos/2006_2/minhocultura/index.htm>. Acesso em:
Publicado no Infobibos em 25/07/2006 |