O Jardim Botânico vai
à Escola
Uma
Atitude de Responsabilidade Social
por
Maria Jussara Franco Rosa Vieira
1 - O Projeto
O projeto “O
Jardim Botânico vai à Escola”
(JBVE) foi elaborado pela Comissão de Educação Ambiental (CEA),
da Rede Brasileira de Jardins Botânicos.
O JBVE é uma iniciativa de um projeto maior e internacional,
“Investing in Nature” do “Botanic Garden Conservation International”
(BGCI)
www.bgci.org, coordenado aqui no Brasil pelo Instituto de
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e a Rede Brasileira de
Jardins Botânicos, com patrocínio do Banco Mundial HSBC. Localmente,
contamos com o apoio da Embrapa Monitoramento por Satélite (CNPM).
1.1. Importância
A Educação Ambiental tem sido uma linha de atuação importante nos
Jardins Botânicos; esses locais constituem-se como ambientes
propícios ao desenvolvimento de diversas atividades educativas,
contribuindo para a conscientização pública sobre o processo de
extinção de plantas e a importância de sua conservação como
sustentáculo da vida na terra. (Araújo e Vargas, 2004, citado por
RBJB1)
Apesar de proporcionarem um ambiente educativo singular, muitas
vezes esses espaços não são aproveitados da melhor maneira possível.
A falta de divulgação nas escolas sobre o trabalho e a importância
dos Jardins Botânicos dificulta a preparação das visitas escolares.
Mesmo as escolas situadas nas proximidades de jardins botânicos não
aproveitam todo seu potencial educativo como extensão escolar.
Também, nota-se que nas sociedades modernas a concentração urbana
propicia cada vez menos contato com ambientes naturais. (Araújo e
Vargas, 2004, citado por RBJB1)
Experiências diretas com semeadura e plantio têm forte apelo
emocional por religar a terra aos processos básicos de sobrevivência
(cultivar alimentos e plantas medicinais, por exemplo),
constituindo-se em importante instrumento de sensibilização,
ressaltando as relações de cuidado e ética. Projetos escolares
desenvolvidos com essas temáticas podem ser motivadores para o
aprendizado.
O projeto "O
Jardim Botânico vai à Escola"
busca despertar nas escolas, a possibilidade de desenvolvimento de
projetos escolares tendo a questão ambiental como tema transversal.
Além disso, busca melhorar a comunicação e troca de experiências com
professores, estimulando um uso mais efetivo e intenso dos jardins
botânicos como ambiente educativo.
Os jardins botânicos anualmente recebem muitas visitas de escolares,
interessados em aprender mais sobre plantas, ou complementar
conteúdos escolares. A maioria das atividades educativas realizadas
nos jardins botânicos caracterizam-se por serem pontuais, de
duração limitada, esporádicas e, portanto, de difícil avaliação. A
possibilidade de participar de um processo educativo junto com
escolas do entorno, permitirá avaliar atividades e materiais
didáticos, contribuindo com informações necessárias para que os
professores desenvolvam seus conteúdos escolares, ou projetos
educativos.
1.2. Objetivos
Estabelecer um
processo educativo com a comunidade escolar por meio de ações de
educação ambiental, de forma a divulgar o papel dos jardins
botânicos na conservação da biodiversidade e na promoção da
sustentabilidade sócio-ambiental.
O projeto é dividido em três fases:
·
Educadores e jardim botânico:
compreende a seleção de uma escola pública, com oferta de cursos e
aperfeiçoamento para o corpo docente.
·
O jardim botânico vai à escola:
essa atividade
envolve a participação dos pais, alunos e professores no diagnóstico
e avaliação dos potenciais do pátio escolar; definição e execução de
projetos específicos (horta escolar, horto de plantas medicinais e
aromáticas, melhoria no paisagismo da escola, entre outros). Também,
nessa etapa, está prevista a exposição do Baú da Vida, composto por
uma série de materiais informativos, didáticos e lúdicos, que foram
preparados para o projeto.
·
A escola vai ao jardim
botânico:
são visitas orientadas de pais, estudantes e
professores. Conforme a necessidade da comunidade escolar para a
execução dos sub-projetos deverão ser montadas oficinas específicas
no jardim botânico sobre os temas escolhidos. Cada ação possui um
valor didático-pedagógico, devendo ser explorada como tema
transversal na educação não formal. A avaliação será constituída de
forma participativa, envolvendo todos os participantes do projeto.
1.3.
Etapas da implantação do projeto
1ª Etapa Educadores e o Jardim
Botânico
- Levantamento de escolas potenciais
- Visitas às escolas para análise
- Seleção da escola
- Apresentação do projeto para a
direção da escola e diretriz de ensino
- Realização de oficina de preparação
de professores
2ª Etapa Jardim Botânico vai à Escola
- Percepção do ambiente
escolar
- Exposição sobre o
Jardim Botânico na escola para o corpo discente
- Aplicação das atividades do baú da
vida pelo professor para estimular e
incrementar as atividades do projeto
- Planejamento e definição de
sub-projetos
- Pesquisa para desenvolvimento dos
sub-projetos
3ª Etapa Escola vai ao Jardim
Botânico
- Oficinas específicas para
sub-projetos (para estudos das atividades propostas)
- Visitas orientadas ao Jardim Botânico
4ª Etapa Execução
- Execução dos sub-projetos na
escola
5ª Etapa Avaliação
- Avaliação (avaliação processual
concluída ao final de cada etapa do projeto, realizada
pela comunidade escolar e equipe do Jardim Botânico)
- Avaliação geral do projeto
2 -
Potencialidade do IAC para aplicação do projeto
O Instituto Agronômico (IAC), criado em 1887, por Dom Pedro II,
iniciou os seus trabalhos com a cultura do Café que era de extrema
importância para o Brasil, o “ouro verde” que estava ameaçado por
solos exauridos e doenças, e assim, ameaçando a balança econômica do
país. Hoje, a Instituição trabalha com mais de 70 espécies de
plantas de interesse econômico para o Estado de São Paulo. Deste
modo, no decorrer dos quase 119 anos de atividades a instituição tem
“colecionado” um número significativo de plantas de importância
impar para o Estado de São Paulo, para a Nação Brasileira e com
certeza, para a biodiversidade do planeta no qual vivemos.
O Jardim Botânico do Instituto Agronômico - JBIAC -
possui características peculiares, sendo o único jardim botânico
brasileiro centrado na temática agrícola. Atualmente
são mantidos cerca de 200.000 acessos de germoplasma vegetal, em
todo o país, dos quais o IAC participa com expressivos 16,5% desse
total. Seus recursos genéticos são compostos por
germoplasma nativo in situ,
distribuídos em áreas de mata mesófila semidecídua, mata ciliar,
cerrado e várzeas, possuindo também germoplasma conservado ex
situ em suas coleções e bancos ativos, com aproximadamente
32.543 acessos pertencentes a 5.104 espécies vegetais. Bem
localizado, o JBIAC situa-se em dois locais distintos, ambos na
cidade de Campinas, SP.
A área principal está situada na Av. Theodureto de Almeida Camargo,
1.500, bairro Chapadão, mais conhecida por Fazenda Santa Elisa.
Conta com aproximadamente 700 ha, dos quais 170 ha são ocupados por
culturas anuais, 25 ha por mata nativa, 60 ha de arboreto, 51 ha de
várzeas, 30 ha por cursos d’água e represas, 45 ha de cerrado, 37 ha
de área a ser reflorestada com madeiras nobres, 5 ha de seringal, 10
ha por alameda de bambus, 50 ha de áreas edificadas, 20 ha de
gramado, 65 ha de cafezal e outros 137 ha com áreas com
construções, jardins, vegetações diversas e Bancos Ativos de
Germoplasma (BAGs).
A segunda área do JBIAC localiza-se na Av. Barão de Itapura, 1481,
bairro Guanabara, e é denominada Parque da Sede do Instituto
Agronômico. Possui jardins com mais de 600 espécies, entre arbóreas,
arbustivas e herbáceas. Por isso tudo, o IAC é considerado uma das
principais Instituições da América Latina em conservação de recursos
genéticos vegetais ex situ.
O
Herbário IAC, registrado no Index Herbariorum, está
localizado no edifício da Botânica - Núcleo de Pesquisa e
Desenvolvimento do Jardim Botânico - na sede do IAC, é uma grande
fonte para pesquisas e consultas educacionais sobre plantas
diversas, com um acervo de mais de 42.000 exsicatas de espécies
nativas e cultivadas.
Portanto, lançando mão deste arsenal e tendo em mente que o sistema
escolar é um dos canais privilegiados para a difusão e a prática da
educação ambiental, o JBIAC vai à Escola!.
Em 2006 começamos a implantação do projeto no Instituto Agronômico,
com uma ação de Responsabilidade Social focada em Educação
Ambiental. O projeto está em pleno andamento e oportunamente
estaremos divulgando os resultados.
3 - Bibliografia Consultada
1 RBJB - Rede Brasileira de
Jardins Botânicos.
Projeto Jardim Botânico Vai à Escola. Disponível em <http://www.rbjb.org.br/ojardimvaiaescola.html>.
Acesso em 07/08/2006.
IAC - Instituto Agronômico.
Disponível em <http://www.iac.sp.gov.br>
Acesso em 07/08/2006.
Galeria de Fotos
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Maria Jussara Franco Rosa Vieira
possui graduação em Agronomia pela Escola Superior de Agricultura
"Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (1973). Atua
no Jardim Botânico do Instituto
Agronômico - IAC/APTA. Tem experiência na área de Agronomia, com
ênfase em Ciência do Solo. É Coordenadora do projeto "O Jardim
Botânico vai à Escola" do IAC.
Contato:
jussara@iac.sp.gov.br
Reprodução autorizada desde que citado o autor
e a fonte
Dados para citação bibliográfica(ABNT):
ROSA VIEIRA, M. J. F..
O jardim botânico vai à escola:
Uma atitude de responsabilidade social.
2006. Artigo em Hypertexto. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2006_2/JB/Index.htm>.
Acesso em:
Publicado no Infobibos em
21/08/2006
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